sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sem intermediários

Deu no caderno Paladar esta semana e achei incrível a possibilidade do produtor no sudoeste da Ásia entregar suas mercadorias diretamente ao cliente, sem intermediários, produtos frescos, orgânicos. Faz bem para nós e para o planeta. À primeira vista até parece que estamos voltando para trás, mas acho que demos muitos passos para frente e deixamos para trás o planeta e nosso corpo...

Veja que interessante
Nos mercados do Sudeste Asiático, é o próprio produtor quem comercializa seus produtos.
Foto: Letícia Gonzáles

É pelos rios que corre a vida de muitos habitantes do Sudeste Asiático. Lazer, higiene, comida, transporte e moradia dependem do imponente Rio Mekong, que nasce no sul da China e termina no Vietnã, e de seus afluentes. Portanto, é natural que os mercados flutuem nas correntezas.

Com seus chapéus, os vendedores remam botes repletos de alimentos e bugigangas. Os clientes chegam nos próprios barcos - quem se interessa pela mercadoria só precisa encostar. No mercado Damnoen Saduak, próximo a Bangcoc, na Tailândia, os moradores da região fazem as compras até as 9 da manhã. Daí em diante, os turistas tomam o local e as hortaliças dão lugar a souvenirs, de esculturas de madeira a amostras de temperos.

Quem fica em terra firme também pode comprar, inclusive os pratos simples, como o pad thai (um macarrão frito com camarão) ou o khao niou mamuang (manga com arroz e leite de coco). Eles são preparados a bordo e entregues aos clientes com o remo, em cestinhas.
Para que supermercado? Os 6 milhões de habitantes do Laos só fazem compras em mercados e feiras livres. "Aqui tudo é orgânico, não há grandes plantações com agrotóxico. Os pequenos produtores trazem o que colhem para o mercado", conta Vandara Amphayphone, especialista na culinária laosiana.

De tão saborosos, os ingredientes precisam apenas de mexidas rápidas na wok para virarem pratos vigorosos. Os peixes vão dos rios direto para a mesa. Congelar ou refrigerar, nem pensar - no Laos, geladeira é artigo de luxo, reservado para bebidas.
Por isso, tudo precisa ser comprado fresco. Aves? Só vivas. Peixes e rãs remexem-se nas sacolas dos clientes, e caranguejos tentam escapar das cestas. Frutas e hortaliças formam pilhas coloridas sobre lonas dispostas no chão. "São produtos que fazem os melhores mercados franceses de província parecerem cansados", diz Natacha du Pont de Bie, autora de Sopa de Ovas de Formiga - As Aventuras de uma Turista Gastronômica no Laos (Sceptre, sem edição em português).

Mesmo nos grandes mercados, como o Phousy, na cidade de Luang Prabang, e o Talat Sao (Morning Market), na capital, Vientiane, os preços não estão escritos e a ordem é pechinchar.
Quem visita um mercado do Laos pela primeira vez vai notar os baldes de plástico cheios de um líquido com cor de lama: é o padek, molho de peixe fermentado. Outro item típico é a kai pen, alga de rio. Seca, é cortada em retângulos e comida como petisco.

Produtos orgânicos e frescos
Vendidos por pequenos produtores no Mercado Phousy (Th. Phothisarat, a 2 km ao sul da cidade, Luang Prabang; no Talat Sao (esquina da Th. Lan Xang com a Th. Khu Vieng) e no Mercado Damnoen Saduak (Th. Krung Kasem, Damnoen Sduak, Bangcoc)

Daniela Meira - produtora de culinária Mais Você

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