segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mudanças nos alimentos?

O primeiro estudo sobre o perfil nutricional dos alimentos, divulgado este mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), revelou que alguns dos produtos mais consumidos pelos brasileiros estão muito longe de prover uma alimentação saudável. Apenas um pacote de macarrão instantâneo tem mais sódio que a quantidade que uma pessoa deveria consumir em um dia.
Sucos e néctares de fruta, que muitos bebem como alternativa saudável, têm mais açúcar que refrigerantes, e um pacote de batatas fritas quase esgota o limite de gorduras saturadas tolerado para um dia.

“A preocupação é maior porque o excesso desses nutrientes está diretamente ligado à obesidade e ao crescimento das doenças crônicas, como diabete, hipertensão, problemas no coração”, afirmou Maria Cecília Brito, diretora da Anvisa.

O perfil nutricional mostrou que um hambúrguer bovino tem 825 miligramas de sódio, quando o máximo que uma pessoa deveria consumir em um dia são 2,4 mil mg. Um sanduíche acompanhado de refrigerante light e uma porção de batata frita ultrapassa metade do que deveria ser consumido diariamente.

A pesquisa revelou que há diferenças imensas entre as marcas. Uma marca de batata palha pode ter 14 vezes mais sódio que outra; um salgadinho de milho, 10 vezes mais gordura saturada e 12,5 vezes mais sódio; uma marca de biscoito recheado, 6,3 vezes mais gordura.
Há alimentos iguais, mas que são menos saudáveis que outros. A população deve olhar os rótulos. Não podemos colocar um ‘a Anvisa recomenda’, mas o consumidor tem informações para fazer a melhor escolha”, diz Maria.

No fim do mês, a Anvisa e o Ministério da Saúde vão se reunir com representantes da indústria alimentícia para tentar definir metas de redução de sódio, açúcares e gorduras saturadas nos alimentos, da mesma forma que foi feito com a gordura trans, hoje quase ausente da maior parte dos alimentos industrializados.
No caso desses três nutrientes, há, segundo a Anvisa, outras dificuldades. Uma delas é a tecnologia. O sódio, por exemplo, é usado em muitos casos como conservante. “Mas pelas diferenças que encontramos, podemos ver que é possível uma redução gradual”, diz Maria.

Outra dificuldade é o paladar do brasileiro, acostumado a comidas bem temperadas e bebidas e biscoitos muito doces. “Se exigirmos uma modificação imediata da composição, não vai adiantar. As pessoas simplesmente vão colocar sal ou adoçar”, diz Denise de Oliveira Resende, gerente-geral de alimentos da Anvisa. “É preciso um processo de reeducação.”

fonte: ESTADÃO

Daniela Meira - produtora de culinária Mais Você

Nenhum comentário: