segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Deu no NYT nesta semana uma matéria sobre um assunto prá lá de interessante.... Claro, PIMENTAS!!!

O final do verão é época de colheita da pimenta chili, quando o estado do Novo México (EUA) é invadido pelo perfume de chilis assando, e por todo o país os deliciosos e dolorosos frutos da planta do gênero Capsicum estão sendo transformados em salsa, molho picante e repelente de ursos-cinzentos (ursos-cinzentos???????). Ocorrem muitos festivais, muitas vezes com concursos de comer pimenta adoooooro!!).

O início da paixão pelas pimentas

Os humanos descobriram as pimentas rapidamente. Há evidências de que, seis mil anos atrás, pimentas picantes já eram usadas das Bahamas aos Andes. Assim que Colombo as levou na volta do Novo Mundo, o chili se espalhou pela Europa, Ásia e África.
Ninguém sabe ao certo por que os humanos encontrariam prazer na dor, mas parece existir uma excitação similar a andar numa montanha russa. Somente os humanos conseguem apreciar eventos que são intrinsecamente negativos, que produzem emoções ou sentimentos que somos programados para evitar. Outros mamíferos não se juntaram à festa. Não existe um único animal que goste de pimentas picantes.
Ou como coloca Paul Bloom, psicólogo de Yale, "Filósofos sempre tentaram definir características dos humanos - linguagem, racionalidade, cultura, e tudo mais. Eu resumiria da seguinte forma: o homem é o único animal que gosta de molho Tabasco".
Isso vem do novo livro de Bloom, "How Pleasure Works: The New Science of Why We Like What We Like" (Como funciona o prazer: A nova ciência de por que gostamos do que gostamos, em tradução livre), no qual ele aborda a natureza geral do prazer humano, além de alguns prazeres bastante específicos e complicados.
Alguns, como comer comidas dolorosamente apimentadas, são casuais. Gostar de pimenta não possui nenhum significado profundo, nenhum valor evolucionário. É simplesmente gostar de pimentas.

Posso acrescentar, porém, que como é preciso ter um cérebro complicado e um autoconhecimento estranho para gostar de algo inerentemente doloroso, apenas o animal com o maior dos cérebros e a mente mais complexa é capaz de fazê-lo.

Aos comedores de chili: comer fogo não é burrice, mas um sinal de alta inteligência.

Daniela Meira - produtora de culinária Mais Você

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