sábado, 5 de maio de 2012

Contra ressaca


A ressaca é um inimigo sempre à espreita e, para vencê-lo, precisamos conhecê-lo. O que vem a ser este fantasma que nos deixa tão derrubados? Antes de mais nada, é preciso saber que não adianta dizer, em desespero: “Eu vou morrer.” Ninguém morre de ressaca. Ao menos, não de “uma” ressaca. Ela, na verdade, é um aviso de que você está bem vivo e fez algo muito errado na noite anterior. Em termos técnicos claros, é um conjunto de sintomas fruto de desidratação, stress e envenenamento. Sabendo disso, já dá pra começar nossa estratégia.
1. Hidratação
Você já ouviu falar em beber água entre um copo e outro de álcool. Não é nada difícil. Além de combater a desidratação, esta atitude diminui a velocidade de absorção do álcool. Melhor do que acordar e sentir que sua cabeça vai explodir é perceber que sua bexiga vai estourar e que basta correr ao mictório.
2. Moderação e discernimento
Quem bebe já cansou de escutar que não deve misturar fermentados e destilados. Errado. O problema não é a mistura e sim o fato de normalmente esta ser descontrolada. Um chope com um steinhäger é melhor do que cinco caipirinhas ou um engradado com 24 latas de cerveja. Apesar de adorar destilados e coquetéis, aprendi que são bebidas para uso moderado. Se não quer ressaca, não beba mais do que duas ou três doses (sempre com muita água, é claro). A melhor opção é sempre vinho ou cerveja. Além de a graduação alcoólica destes ser menor, é importante levar em conta que ambos trazem consigo nutrientes, vitaminas, sais minerais, taninos, ácidos, etc. que ajudam seu corpo a enfrentar melhor o inimigo principal: o álcool.
3. Procure a pureza.
Junto com seu destilado, você ganha um pacote de impurezas químicas. Em pequenas quantidades, elas não são tão más assim, e ainda trazem sabores e aromas interessantes. Mas, consumidas em dose maior, ajudam a derrubar o organismo mais bem preparado. Siga a lei da cor: quanto mais escura a bebida destilada (falo aqui de destilados puros e não de coquetéis, amaros e vermutes), maior a chance de aparecimento de conjuntos químicos mais perigosos. A passagem por barricas evapora álcool e água, mas concentra estas impurezas. Numa escala do mais perigoso ao mais puro, eu diria que o caminho vai do bourbon para o brandy, a cachaça amarela, o single malt, o uísque blend, a aquavit, cachaça branquinha e até a mais limpinha de todas, que seria a vodca. E, quanto melhor a vodca, mais pura. Portanto, ao saborear um bom conhaque, seja parcimonioso. Sinta-se um pouco mais seguro se for encarar uma boa vodca.
4. Evite o açúcar.
É simples. Açúcar, assim como o álcool, é diurético. Não precisa desenhar, certo?
5. Hidratação preventiva extra.
Além de beber água, antes de ir para a cama reponha uma dose extra de sais minerais e vitaminas. Seja tomando um isotônico como Gatorade ou, melhor ainda, uma água de coco fresca. O corpo precisa de potássio para enfrentar a batalha noturna que vem pela frente.
6. Pílulas, ora pílulas!
Há quem não abra mão da velha receita dos anos 60: “Um Engov antes e um depois”. Os analgésicos não combatem a ressaca, mas alguns de seus efeitos. Aspirina, ibuprofeno e outros ajudam no combate à dor de cabeça, por exemplo. Mas, melhor do que tomar antes ou depois, é ingerir antes de dormir. Se a dor de cabeça é certa, pra que esperar? Também não precisa tomar antes de beber, pois alguns desses medicamentos causam sono em algumas pessoas.
7. Juízo
A pior ressaca, a mãe de todas as ressacas, é a moral. Evite duas coisas. Nunca, nunquinha, dirija alcoolizado e, nem se um smartphone ou laptop se materializar na sua frente, poste bêbado em redes sociais. Certas coisas não têm conserto.
*publicado originalmente no terra magazine.

Daniela Meira

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