segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pasárgada

Manuel Bandeira um dia disse:
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Pasárgada, deste poema existe...e fica no Irã!! Foi na região de Pasárgada que Ciro, o fundador do Império Persa, mandou construir o primeiro palácio do governo....
Fui a um restaurante persa, chamado: Amigo do Rei, em Belo Horizonte, capital encantadora de Minas Gerais, onde tudo sempre acontece. Você descobre em Minas os melhores artesãos, os melhores cozinheiros, as mais sensíveis pessoas, que conseguem transformar o simples em tudo!! Assim é Belo Horizonte também. Ser o único restaurante persa da América Latina, é empolgante, mas é o único, então não tenho como ter outra referência e comparar!!! Ele sempre vai ser o melhor, certo? Por exemplo, se você vai a uma lanchonete que diz que eles têm o melhor hamburguer do Brasil, com certeza você já comeu um outro hamburguer e poderá comparar os dois. Neste caso não há como comparar a não ser que eu tenha ido alguma vez ao Irã...e neste caso nunca fui.
Pedi um prato feito com beringela. Era beringela tipo pasta. Sabor bom, mas eu estava esperando mais de um prato que custou R$ 40,00 reais. Talvez eu estivesse esperando uma beringela flambada, cheia de fogo vindo à mesa...mas acho que no Irã as labaredas são tão comuns que um simples prato de beringela e algumas rodelas de pepino e tomate sejam realmente muito diferentes e equilibrados. O sabor foi....bom...e ponto. Um pouco de queijo de cabra...ok. Não foi ruim, mas eu estava esperando mais.
A casa é uma casa. Realmente. Os proprietários moram lá. Você se sente entrando na sala de jantar de um casal, que não sabe ao certo o que devem fazer. Sabem o que fazer na cozinha, com certeza. Você não ouve um barulho se quer...Mas na sala (de jantar) o atendimento é polido e estranho. Sabe quando você vai jantar na casa do chefe e não sabe o que deve falar e como sentar?? Você não sabe se deve pedir uma bebida ou só ficar na água aromatizada com flores de jasmim (que não muda o sabor e esse jasmim não modifica a água....não é chique...é brega...você vai tomar água de lavagem de flores de jasmim....e até podem ser perigosas, tóxicas, sei lá).
Sim, o casal é fofo, mas eles não estão à vontade e eu sai de lá com a sensação de que comi e não jantei...sabe? Tomei de entrada uma Óche Anór - sopa à base de romã (com caldo de carne, verduras e especiarias) com pão sírio, bem fininho...depois comi esta pasta de beringela e de sobremesa um doce com pistache. Eles comem bastante carne de cordeiro. Não estava assim tão excelente. Na verdade estava bem comum. Eles usam bastante lentilha, romã, beringela, leite de cabra. São ingredientes até bem comuns por aqui e por isso a gente tem outra referência e também por isso eu estivesse esperando mais. Olha, foi interessante....e ponto. A história deles está bem escrita no site do restaurante e vale acessar e dar uma olhada. Como história. São outros costumes, outros sabores e outros ingredientes.

Daniela Meira - produtora de culinária do programa Mais Você

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