terça-feira, 7 de junho de 2011

Rio terá 1ª filial da famosa Cordon Bleu Tradicional

Professores da sede da escola em Paris e de outras filiais vão se transferir para o Rio para iniciar o curso, que seguirá o modelo da Cordon Bleu, com duração de nove meses e três módulos – básico, intermediário e superior – de cuisine (cozinha) e outros três de pâtisserie (confeitaria).

A negociação com o governo estadual fluminense inclui a reserva de pelo menos um quinto das vagas para alunos de baixa renda e formados em escolas públicas. “A Cordon Bleu vai formar e ao mesmo tempo valorizar a cultura local. A técnica francesa está em 80% das escolas do mundo. A partir dela, pode-se desenvolver qualquer técnica. E as aulas vão valorizar os produtos locais tradicionais”, diz Roland Villard, chef do restaurante Le Pré Catelan.

Villard atuou como consultor da escola francesa e aproximou o presidente da Cordon Bleu, André Cointreau, e o vice-presidente, Patrick Martin, do vice-governador, Luiz Fernando Pezão. O político fluminense é um apreciador eclético, que vai da comida de boteco aos pratos mais sofisticados.

Detalhes como o número de estudantes e o preço dos cursos para os alunos particulares serão definidos, quando Cointreau voltará ao Rio para formalizar a parceria com o governador Sérgio Cabral.

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado não deu nenhuma informação sobre as negociações com os franceses nem sobre o investimento estadual na empreitada. Roland Villard acredita que o destaque do Rio com a Copa de 2014 e especialmente com os Jogos Olímpicos de 2016 foram pontos a favor da cidade na decisão de abrir uma filial carioca. O chef acredita que a nova escola poderá atrair alunos com alto poder aquisitivo, mas que não podem ou não querem deixar o País por quase um ano para o curso completo.

Além de tradicional e conceituada, a Cordon Bleu é cara. O curso completo para obtenção do chamado “grand diplôme” ( grande diploma) chega a 35 mil (R$ 80,5 mil). Há ainda cursos que vão de poucas horas a até quatro dias, com preços que variam de 40 (R$ 92) a 900 (R$ 2.070).

Em Paris, a maioria dos alunos do curso completo é de estrangeiros. “Poucos franceses fazem escolas privadas de gastronomia. Há muitos cursos públicos excelentes. Eu me formei há 20 anos em uma escola pública”, conta Villard, que dará aulas de História da Gastronomia na Cordon Bleu do Rio.

“Nove meses são suficientes para se ter o conhecimento avançado, mas isso não é tudo. Nenhuma escola no mundo forma chefe de cozinha. Forma cozinheiros”, diz Villard. “Só na aplicação do aprendizado é que você, talvez, se torne um chef.”

Villard se diz encantado pela sensibilidade e criatividade do brasileiro. Mas faz uma ressalva. “A questão é que a gastronomia brasileira não saiu do Brasil, não ganhou o mundo, como a gastronomia mexicana, a italiana, a peruana, a libanesa. Acho que essa realidade pode mudar”, ressalta.


Daniela Meira - produtora de culinária Mais Você

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